Tirinhas, tatuagens e o reflexo da sociedade - 3
Quarta-feira, 13 de abril de 2011.
As portas do estúdio se abrem, a boca do cliente se
mexe e, prepare-se: o show da falta de originalidade e da falta de
personalidade vai começar. É bate-volta. É minuto a minuto. Entra um e sai
outro zumbi guiado pelo controle-remoto da mesmice, da modice e da babaquice.
“Ah!, meu caro amigo, você não calcula como a originalidade me
preocupa. É uma necessidade moral e física de ver outro eu. Eu queria falar
como ninguém fala, com palavras que ninguém mais empregasse; vestir-me de outra
maneira, viver numa casa como nunca existisse.” (Guilherme Augusto Cau da Costa
de Santa Rita ou simplesmente Santa-Rita Pintor, pintor e escritor português)
Esses Um Qualquer chegam aos montes, todos os dias,
nas portas dos estúdios e vomitam idéias roubadas, e, muitas vezes, não sabem
nem o porquê da existência delas ou de eles mesmos estarem ali. “Qual a
tatuagem da moda?”, “O que mais está se fazendo?”, “Quero igual de fulana!”
“Tem que ser bem pequenininha e delicadinha, mas não sei o que fazer!” são
algumas das frases que caem como raios nos ouvidos dos bons profissionais.
Mesmo assim, esses Um Qualquer sempre se
acham os exclusivos. Sim, são os exclusivos idiotas que somados contribuem para
a banalização da arte e do preço dela, da falta de valorização dos
profissionais e da proliferação de urubus. São os mesmos que tratam a arte como
um adesivo, uma figura descartável, algo vazio e inútil que passeia sem alma
pelas calçadas a ver vitrines.
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