Tatuagem e personalidade

15:18 Anita the Kat 0 Comments

Quarta-feira, 16 de março de 2011.


Há 33 anos, o programa Fantástico exibia uma reportagem muito interessante. O assunto? Uma novidade, ou melhor, uma nova moda, que começava a conquistar brasileiros às vésperas da entrada nos anos 80: as tatuagens. Nos seus cerca de cinco minutos, entre pincelar a disseminação da tattoo entre as mulheres e ressaltar os equipamentos e o procedimento ainda primitivos em terras verde-amarelas, o que chama a atenção é: moda? Sim, mas em que sentido?

O sentido que o repórter (cuja falta de caracteres não permitiu identificá-lo) aponta em 1978 não remete à moda propriamente dita e conhecida nos dias de hoje, começo de 2011. E isso é o que chama bastante atenção. Enquanto o Brasil dava o pontapé inicial à quebra do preconceito à pintura da pele e ademais modificações corporais, lá, entre os surfistas e descolados de Ipanema, no Rio de Janeiro do final dos anos 70, a tatuagem não era uma moda, mas, sim, uma novidade, uma nova forma de expressão, um diferencial. Muito ao contrário do sentido remetido à moda atual, que beira a mesmice, ao padrão, ao rótulo. 

E isso não só em questão a tattoo, não. Há muito a moda deixou de ser um inocente leque de opções; melhor, nunca o foi. Ao mesmo tempo em que chega risonha oferecendo um guarda-roupa repleto de tipos e estilos, ela escraviza os mais desavisados e desprovidos de cérebro. Ou qual a outra designação para aqueles que seguem tendências, vestem-se para os outros ou usam e fazem coisas só porque outras pessoas sem atitude estão indo no embalo, puxado e empurrado pela maré?

Porém, roupa e demais acessórios, por exemplo, são detalhes. Acabou a modinha dos amiguinhos ou despertou para o mundo real, basta trocá-la, escolher outra, andar pelado. E quando entra em jogo a vestimenta com a qual realmente se deve preocupar, a tripudiada pele? É certo que ninguém é obrigado a fazer uma modificação no corpo - como uma tatuagem ou um implante de silicone na bunda -, mas, se o fazem, vão fazer pelo supérfluo modismo ou para tentar conquistar sua almejada alma-gêmea com poucos dentes e alguns trocados no bolso? Sim, infelizmente, isso é bem comum, e até demais, nos dias de hoje. Tão comum que já se chegou ao ponto de achar que tatuagens são descartáveis.

Dá vergonha, e medo ao mesmo tempo, topar com certos cidadãos que ostentam desenhos e que, nem ao menos, sabem o porquê de eles estarem ali grudados 24 horas em si. Sem contar, claro, com aqueles que se orgulham de carregar formas deformadas e ridículas homenagens a namorados sem noção. Cansa ver tanta gente, sem nada em comum, carregar, para cima e para baixo, figurinhas repetidas que não pertencem a seus álbuns, mas, pior, ao de outrem. Não é preciso ter um significado para carregar uma tatuagem, precisa, sim, ter personalidade. E isso está em falta nos supermercados.


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